Por André Bello*
No último mês de setembro, em uma pesquisa da CNT/Sensus, a avaliação pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva atingiu a marca recorde de 77% de aprovação dos brasileiros. Já o seu governo teve avaliação positiva de 68,8%. Em uma outra pesquisa que relaciona todos os países da América Latina, o presidente Lula encontra-se na segunda posição, com 67% de aceitação popular. Na sua frente somente o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, com 85% de aprovação com a sua política de segurança pública.
No caso brasileiro, a meu ver, a sustentabilidade desses altos índices é formada por dois pilares: distribuição de renda e linhas de crédito. Esses dois programas, juntos, acalentam os sonhos de muitos brasileiros, desde os mais humildes, passando pelos brasileiros da classe média e, finalmente, atingindo a elite, que lucra com a economia interna aquecida. Seguindo essa linha de raciocínio, percebemos que a satisfação do povo brasileiro é construída pelo sentimento do bem
No entanto, esta alta popularidade tem explicações mais profundas. Há algo mais sólido que sustenta os dois pilares, citados acima. Aristóteles diz que os fins devem ser feitos por meios virtuosos. Ora, o fim, ou melhor, o fator que faz com que o presidente Lula tenha a maior aceitação popular da história do país é o programa Bolsa Família e os créditos em expansão.
Mas, então, qual seria o meio, que Aristóteles argumentaria em sua tese? No caso brasileiro é a economia estável e equilibrada. Caso contrário, o dinheiro do Bolsa Família viraria pó e as linhas de financiamento diminuiriam. Portanto, a economia forte do Brasil e o fator da popularidade do presidente Lula ainda é consequência do Plano Real, que nasceu no governo do PSDB.
Existe uma máxima dentro do marketing político que diz “O voto não é por gratidão; o voto é pela esperança”. Logo, o amor que os brasileiros sentem pelo presidente Lula não é de graça e, sim, porque todos estão com a esperança em seus corações. Mas se a crise econômica se tornar um tsnunami e não mais uma marolinha como o presidente acredita ser, com certeza, modificará esse sentimento que existe hoje no Brasil e poderá traçar um novo rumo para as eleições presidenciais de 2010.
A conclusão lógica de uma crise é a diminuição das linhas de crédito, férias coletivas nas grandes indústrias e fábricas, cortes na produção, menos exportação, deixando de gerar lucros e empregos. Em conseqüência haverá desaceleração da economia interna, diminuição na arrecadação tributária, diminuição do orçamento da união, que resultaria em diminuição da receita dos Estados e municípios brasileiros e aumento dos juros, do alimento e da gasolina. Forma-se, então, o famoso círculo vicioso. Danoso para qualquer presidente no cargo que queira ver sua popularidade em alta.
Por isso, acredito que a crise econômica que começou nos Estados Unidos e dá sinais de aviso aos países emergentes pode mudar o destino de todos nós.
O PAC, programa de aceleração do crescimento e que tenta viabilizar eleitoralmente a ministra Dilma Rouseff, tem como motriz as grandes obras. Portanto, se o setor da construção civil tiver suas linhas de crédito diminuídas ou interrompidas refletirá, é evidente, no sucesso do programa. E o sonho da casa própria, infelizmente se tornará, provisoriamente, mais distante. O presidente Lula, torce agora, para que a competência do ex tucano, Henrique Meirelles, resulte em soluções de blindagem do país contra a crise econômica. O espelho das eleições de 2010 será a marolinha econômica de 2008.
André Bello é publicitário, especialista em políticas públicas